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Atividade Física na prevenção e combate da Hipertensão

A Hipertensão ou comumente chamada de “pressão alta” é caracterizada por níveis excessivamente altos de pressão arterial e está sendo considerado um dos principais problemas de doenças crônicas na atualidade, atingindo pessoas de diversas idades. Dentro desse contexto, estima-se que a hipertensão atinja 22% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60 % dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por ano (ZAITUNE et. al, 2006).

É considerado uma Pressão Arterial  normal quando os valores de PAS (Pressão Arterial Sistólica) são menores que 120 mmgHg e os de Pressão Arterial Diastólica (PAD) forem menores que 80 mmHg.  Neste estágio, recomenda-se a prevenção da hipertensão e das doenças cardiovasculares por meio da mudança no estilo de vida. A hipertensão no estágio 1 acontece quando há PAS com valores iguais ou maiores que 140-159 mmHG e/ou PAD com valores iguais ou maiores que  90-99 mmHg. Neste estágio, há necessidade de tratamento medicamentoso anti-hipertensivo (betabloqueadores, antagonistas de cálcio, diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina), recomenda-se mudanças na alimentação e incremento de atividades físicas. No estágio 2, a hipertensão se dá quando os valores de PAS são maiores ou iguais a 160 mmHg e os da PAD são maiores ou iguais a 100 mmHg. Neste estágio, se inicia a junção de dois ou mais medicamentos anti-hipertensivos e as mudanças no estilo de vida. (CHOBANIAN et, al. 2003 apud TEIXEIRA 2008)

O aumento da pressão arterial com a idade não representa um comportamento biológico normal. Prevenir esse aumento é a maneira mais eficiente de combater a hipertensão arterial. Mas como? Através de mudanças nos no estilo de vida, que incluam o controle do peso, da ingestão excessiva de álcool e sal, do hábito de fumar e da prática de atividade física.

Treinamento Aeróbico

A prevenção e o tratamento da hipertensão através de intervenções não medicamentosas vêm conquistando vários adeptos, médicos e pacientes, estão utilizando esta estratégia terapêutica com mais frequência, desfrutando dos seus benefícios a médio e longo prazo.

O treinamento aeróbico reduz a PA clínica sistólica/diastólica de hipertensos em cerca de 7/5 mmHg, além de diminuir a PA de vigília e em situações de estresse físico e mental. Por outro lado, o treinamento resistido não parece reduzir substancialmente a PA de hipertensos, embora traga outros benefícios à saúde.

De acordo com Lopes et. al. (2003) são recomendadas três sessões de treinamento aeróbico por semana, com intensidade de 60 á 80% da freqüência cardíaca máxima, em uma duração de 30 á 40 minutos.

Já Negrão e Rondon et. al. (2001) recomenda o exercício a uma intensidade de baixa a moderada, com uma duração de 30 á 45 minutos da freqüência cardíaca máxima, sendo aquelas que mais beneficiam o paciente hipertenso no controle dos níveis pressóricos.

Grassi et al. (1994) estudou jovens normotensos e constatou que após 10 semanas de exercício físico, além de diminuição na pressão arterial sistólica e diastólica, houve redução significativa na atividade nervosa simpática (36%), fato não observado no grupo controle, que não realizou exercício físico.

Palatini et al. (1994) encontraram menor PA de 24 horas e de vigília em indivíduos ativos que em inativos. Além disso, uma metanálise identificou reduções médias de -5/-7 mmHg nas PA sistólica/diastólica de vigília após o treinamento aeróbico.

Treinamento Resistido

Paffenbarger (1983), em um seguimento de seis a 10 anos, de 15.000 indivíduos diplomados de Harvard, constataram que os que praticavam exercício físico de forma regular apresentavam risco 35% menor de desenvolver hipertensão arterial do que os indivíduos sedentários.

Entretanto, no ano de 2000, Kelley e Kelley fizeram uma metanálise e concluíram que esse treinamento reduzia a PA sistólica/diastólica em -2%/-4%. Essa constatação acendeu o interesse na área e o número de trabalhos científicos aumentou.

Apesar de ainda não serem claras as adaptações da PA em resposta ao TR, outros fatores como alterações metabólicas (melhora da sensibilidade a insulina, aumento e/ou manutenção HDL colesterol e redução e/ou manutenção do LDL colesterol), osteomusculares (redução da gordura corporal, aumento da força, massa muscular e densidade mineral óssea) e funcionais (vaso dilatação e consequentemente redução da carga vascular e melhora da capacidade de desempenhar as atividades da vida diária), fatores que contribuem para o surgimento e/ou agravo da hipertensão arterial e comorbidades associadas, são influenciados de forma positiva após um programa de TR (WALLACE 2003; POLITO e FARINATTI, 2003; UMPIERRE e STEIN, 2007; WILLIAMS e cols., 2007; BRAITH e STEWART, 2006).

Considerações finais

Considerando-se o tratamento da HA, o treinamento aeróbico é o de escolha para o hipertenso. Esse treinamento deve ser realizado pelo menos três vezes por semana por pelo menos 30 minutos em intensidade leve a moderada (40% a 60% do consumo pico de oxigênio ou da frequência cardíaca de reserva). O treinamento resistido (TR) deve ser feito em complemento ao aeróbico de duas a três vezes por semana, envolvendo a execução de 8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares em intensidade leve (50% de 1 RM) e com séries de 10 a 15 repetições até a fadiga moderada (interrompidas quando a velocidade de movimento diminuir). Entre as séries e os exercícios deve-se observar um período de 1 a 2 minutos de intervalo passivo.

Observação:

O hipertenso deve realizar uma avaliação clínica antes do início do treinamento e o teste ergométrico é recomendado para aqueles que tiverem outro fator de risco associado a HA. Esse teste deve ser realizado em uso da medicação regular do paciente.

Referências Blibliográficas

  • BRAITH, R.M.; STEWART, K.J. Resistance exercise training: Its role in the prevention of cardiovascular disease. Circulation, 113:2642-2650, 2006.
  • FUCHS, F.D.; MOREIRA, W.D.; RIBEIRO, J.P. Efeitos do exercício físico na prevenção e tratamento da hipertensão arterial: avaliação por ensaios clínicos randomizados. Rev. Soc. Bras. Hipertensão – Vol. 4, Nº 3 – 2001.
  • GRASSI, G.; SERAVALLE, G.; CALHOUN, D.A.; MANCIA, G. Physical training and baroreceptor control of sympathetic nerve activity in humans. Hypertension 1994;23:294-301
  • KELLEY G. A, KELLEY K. S. Progressive resistance exercise and resting blood pressure: a meta-analysis of randomized controlled trials. Hypertension.
  • LOPES, H. F., BARRETO FILHO, J. A. S., RICCIO, G. M. G. Tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial. Revista da sociedade de cardiologia do estado de São Paulo, v. 13, n. 1, 2003.
  • NEGRÃO, C. E., RONDON, M. U. P. B. Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Revista Brasileira de hipertensão, v. 8, n. 1, p. 89-95, 2001.2000;35:838-43
  • PAFFENBARGER, R.S, Wing A.L, Hyde, RT. Physical exercise and incidence of hypertension in college alumni. Am J Epidemiol 1983;117:245-57.
  • POLITO, M.D.; FARINATTI, P.T.V. Resposta de Freqüência cardíaca, PA e duplo ? produto ao exercício contra resistência: uma revisão da literatura. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 3(1):79 ? 91, 2003.
  • WALLACE, J.P. Exercise in Hipertension, Sports Med. 33(8): 585 ? 598, 2003.
  • RONDON, M.U.P.B; BRUM P.C. Exercício físico como tratamento não farmacológico da hipertensão arterial.Revista Bras. Hipertensão Vol. 10 Nº2 – 2003;
  • SILVEIRA, M. G.; NAGEM, M. P.; MENDES, R. R. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 11, n.106, marzo 2007. http://www.efdeportes.com/efd106/exercicio-fisico-como-fator-de-prevencao-e-tratamento-da-hipertensao-arterial.htm
  • TEIXEIRA, L. Atividade física adaptada e saúde: da teoria à prática. São Paulo, 2008. Ed. Phorte.
  • WILLIANS, M.A, HASKELL, W.L, ADES, P.A, et al. Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease: 2007 update.Circulation,116: 572 ? 584, 2007.
  • ZAITUNE, M. P. A., BARROS, M. B. A., CÉSAR, C. L. G., CARANDINA, L., GOLDBAUM, M. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e práticas de controle no município de Campinas, São Paulo, Brasil.Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 285-294, 2006.

Por Joziane Teixeira Santos

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/index.php/blogs-ef/entry/atividade-fisica-x-hipertensao

 

 

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