Por Luis Fernando Correia
Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde
Médico Luis Fernando Correia comenta estudo sobre os efeitos do uso da vestimenta por atletas
Washington, D.C.
02/06/2022 09h59 Atualizado há 2 dias
As chamadas roupas de compressão são peças produzidas com tecido elástico, que prometem facilitar a recuperação após o exercício intenso. Nas últimas décadas, vêm se tornando tema de discussão entre atletas profissionais e amadores, preparadores físicos e técnicos. Apesar de resultados inconsistentes de estudos sobre o tema, o mercado das roupas de compressão, em 2019, atingiu 5 milhões de peças comercializadas a um valor de 45 milhões de dólares. Um estudo de revisão da literatura científica, feita por pesquisadores da Tohoku University Graduate School of Biomedical Engineering, no Japão, se propôs a resolver a disputa. O trabalho está publicado na revista Sports Medicine, de abril deste ano.
Os pesquisadores conduziram uma busca em cinco bases de dados de trabalhos científicos: PUBMED, SPORTDiscus, Web of Science, Scopus e EBSCOhost. Foram identificando 19 estudos randomizados e controlados, que permitiam a meta-análise, reunindo informações sobre 350 participantes saudáveis. Foram excluídos da pesquisa trabalhos que envolviam participantes com problemas ortopédicos ou neurológicos e trabalhos que não tinham grupo controle ou onde não se contemplava a prática de exercícios.
As análises mostraram que a hipótese de que o uso de roupas de compressão facilite a recuperação, apesar de relatos positivos de atletas, não se sustenta.
Avaliações de subgrupos de efeitos também foram feitas. Com relação à força muscular, não se observaram proteção ou facilitação de recuperação da força após o exercício físico. Também não foram observados efeitos relacionados à área do corpo onde a roupa de compressão era usada, ou mesmo o “timing” dessa aplicação – antes, durante ou após o exercício. Esses fatores não modificavam o efeito de proteção com relação à força muscular.
Portanto, o uso de roupas de compressão deve ser indicado de acordo com a preferência do atleta ou do grupo que trabalha com ele, mas sem que as evidências científicas apoiem essa decisão.
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